Duas séries para sua lista
Era isso que a internet deveria estar viralizando: uma produção brasileira digna de Emmy e uma série de investigação com plots surpreendentes e inegável carisma. Duas produções impecáveis.
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Como você assiste filmes e séries? Digo, parece óbvio. Liga a TV, acessa um serviço de streaming, scrolla por tempo demais até finalmente escolher alguma coisa.
Não é disso que estou falando. Explico:
Na tarde ensolarada de 6 de fevereiro de 2013, eu saia do 18º andar do número 17 da rua Alcindo Guanabara, no Centro do Rio de Janeiro, e suspirava de alívio.
A rua estreita de prédios históricos apoiados pelo comércio no primeiro andar é onde fica o Sindicato dos Artistas e Técnicos da cidade. Fui até lá pleitear meu DRT, o registro profissional de atriz. Ele dá o direto a artistas e técnicos serem contratados para trabalhar em TV, cinema, publicidade.
Não me lembro com que idade exata subi pela primeira vez em um palco para me apresentar em uma peça de teatro ou em um espetáculo de dança. Mas naquele 6 de fevereiro, já fazia seis anos que eu tinha começado a contar.
Por volta de 2008, minha eu adolescente queria ir para a TV. Fiz workshops de preparação de elenco e de interpretação para TV e cinema com grandes nomes do mercado. Frequentei as escolas cariocas mais tradicionais.

Naquela quarta-feira de fevereiro de 2013, eu já tinha currículo o suficiente para receber meu tão sonhado DRT.
Consegui uns bicos terríveis de figurante em novela para ficar debaixo de 40 graus com roupa de época. O cachê não dava 60 reais. Meu pai não aguentou a logística que nos colocava como menos que operários e antes da atriz principal chegar para começarem as gravações me tirou dali bufando.
A vida aconteceu. Fiz faculdade de comunicação, já que precisava estudar “de verdade”, me formar, entrar no mercado de trabalho, ganhar dinheiro. Não dava mais para ir de Niterói, onde eu morava, para Jacarepaguá tentar a sorte de conseguir mais do que informações desencontradas e processos obscuros na frente do Projac, os estúdios da maior emissora do país. Um percurso de facilmente 3 horas.
Ainda que o sonho tenha afundado antes do barco sequer desancorar, segui mantendo o mesmo gosto pela sétima arte daquela menina de 15 anos que atravessava a ponte no ônibus 750D até a gávea para fazer aula no teatro O Tablado.
Digo tudo isso para que você entenda como vejo filmes e séries. Quando dou play em uma série ou filme, observo a fotografia, os enquadramentos escolhidos, a luz, a escolha do elenco, a atuação dos atores. Analiso o roteiro, a edição, a escolha de cortes, a direção de arte, a cenografia, os figurinos. A trilha sonora, os efeitos. Cada pedacinho daquela produção me encanta (ou não).
Digo isso para que quando explicar que, nas últimas semanas, assisti duas produções impecáveis você tenha mais tendência a acreditar em mim.
A primeira, Cangaço Novo, deveria ter uma edição da news só para ela. Mas como só saímos aqui de 15 em 15 dias, vou falar das duas e abrir espaço para conversarmos na comunidade, ok?
Cangaço Novo
Comecei a assistir a série despretensiosamente, depois que meu marido, que é Pernambucano, falar que tinha visto um vídeo no Tik Tok sobre ela. Além do fato da ter o nordeste como pano de fundo e parecer ser uma releitura moderna no cangaço, também chamou a atenção dele o fato dela ser baseada em fatos reais.
A série conta a história de um quadrilha que assalta bancos em cidades próximas da fictícia Cratará, no sertão do Ceará. O bando é apelidado pela imprensa como "novo cangaço", pela sua forma de operar: fazendo os moradores de reféns, explodindo caixas eletrônicos e atacando a polícia local, com bombas e armas pesadas.
A trama tem como personagem principal Ubaldo, um ex funcionário de banco e sargento exonerado do exército. Ele precisa cuidar do pai adotivo que está hospitalizado com uma doença grave, quando descobre a existência de duas irmãs biológicas e uma herança, que o faz voltar para sua cidade natal.
A história traz dramas familiares, conflitos morais, questões polícias e sociais, tudo ilustrado por um trabalho de audiovisual (com destaque para a fotografia) IMPECÁVEL.
Mas esse resumo não faz jus ao espetáculo que é Novo Cangaço. Para começar, a maior parte dos atores são nordestinos. Em entrevista para o Tech Tudo, um dos diretores explicou:
"Eu falei que a série só iria funcionar se tivesse o elenco da região. Não dava para a gente levar atores daqui do sudeste para fazer sotaque e para fazer esse personagem”, explica. “Não é porque a gente não tem bons atores. Eram duas coisas: uma conhecer a região, não só sotaque, mas conhecer as gírias, as brincadeiras, a comida, a música e isso não dá para alguém daqui do sudeste”.
Decisão acertada, que se percebe logo nas primeiras cenas.
A direção dispensou o uso de estúdios e passou mais de cem dias filmando em locações no interior da Paraíba com a intenção de “mostrar um sertão raramente captado pelo audiovisual. Mais pedregoso, com pouco horizonte. Mais conectado e opressivo ao mesmo tempo”.
O roteiro também reflete perfeitamente bem aspectos regionais como as gírias e expressões características da região, dando o peso e humor necessário na hora certa. 100% no tom.
O elenco é sem precedentes. Confesso que fotografia e produção de elenco são meu xodó, pedaço que analiso sempre com empolgação. Destaque especial para Dinorah e Dilvânia, irmãs do protagonista, interpretadas respectivamente pelas atriz Alice Carvalho e Thainá Duarte.

Que aliás dão tom da força e presença feminina na série. Como bem diz matéria do Globo:
A primeira encana o arquétipo da guerreira de forma visceral. A segunda é hipnótica, potencializando o aspecto místico da história.
Eu juro, a produção já é unanimidade entre o público e a crítica e está entre as 10 mais assistidas em 49 países na Amazon Prime.
Se o Emmy não vier, não sei mais o que pode trazer ele para casa. Tá convencido, arroba?
O Poder e a Lei
Para quem gosta de uma história de investigação, envolvendo advogados e tribunais, recheada de suspense e plots surpreendentes, vai adorar essa série da Netflix.
A crítica especializada rotula a produção como mais uma série tradicional do gênero. Mas eu te digo: com um roteiro de diálogos sagazes, bem humorados, personagens cativantes e reviravoltas surpreendentes, duvido você não querer maratonar.
Manuel Garcia-Rulfo, o ator que faz o personagem principal Mick Haller, dá o tom e conquista o espectador. O homem é puro carisma. Ele faz um jeitão de advogado galante, astuto, abusado, bem humorado. Mas meu Emmy mesmo vai para Lorna, a segunda ex-esposa e assistente de confiança de Mick, que entrega todo o oposto do que o estereótipo de loira atraente que sua aparência física promete. Inteligentíssima, engraçada, independente, de pulso firme, sempre com soluções imprevisíveis e criativas. Eu amei!
A trama conta a história de Mick Haller, um advogado de defesa que após sofrer um trauma e passar um tempo afastado do direito, recebe uma oportunidade inesperada. A oferta para assumir todos casos de um colega de profissão, incluindo um assassinato de alto nível que tem como acusado um figurão, atraindo grande atenção da mídia.

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