Quem não é visto, não é lembrado? | 💌 Desculpa o Flood #1
Jout Jout, coachs, produção de conteúdo, FOMO, ansiedades modernas e outras piras
A partir de hoje você vai receber, a cada quinze dias, em algum momento depois do meio dia, um e-mail com provocações sobre comportamento, sociedade, comunicação e redes sociais.
Se não encontrar, dá uma olhada na caixa de spam ou naquela aba “promoções”. Se não estiver, talvez eu não tenha enviado mesmo. Espera um pouquinho que já chega.
(para falar comigo, responda esse e-mail ou escreva para oi@laurafreitas.com.br)
Mesmo há mais de 2 anos sem postar, Jout Jout aparece entre as celebridades mais influentes do Brasil em 2022, segundo pesquisa realizada pela Ipsos Global.
Na contramão de todas as fórmulas que pregam os gurus de marketing digital.
Tenha constância.
Poste todos os dias.
Poste reels.
Poste 2x ao dia.
Faça Tik Tok.
Use a música em alta.
3x ao dia é o ideal para o algoritmo.
Não dependa do algoritmo.
Tenha um espaço na internet para chamar de seu.
Não à toa o filósofo e ensaísta Byung–Chul Han nos definiu como a sociedade do cansaço e a depressão foi considerada como o mal do século XXI pela Organização Mundial da Saúde.
Truques para driblar o algoritmo, receitas para crescer nas redes sociais, 6 em 7, segredos do conteúdo que engaja, ensinamentos de coaches que só servem para nos deixar com uma grande FOMO, sigla em inglês para a expressão “Fear Of Missing Out”, medo de perder alguma coisa;
Perder o que, exatamente?
FOMO, infoxicação, ansiedade, estresse, déficit de atenção, depressão, burnout.
Jout Jout chegou onde 75% dos jovens brasileiros almejam chegar. E parou. Há poucos dias, em 23 de Julho, a youtuber publicou um vídeo de encerramento em seu canal. Uma despedida para seus mais de 2 milhões de inscritos.
É claro que precisamos levar em consideração que ela ganhou uma notoriedade que a trouxe oportunidades de trabalho maiores e justamente porque ela chegou onde 75% das pessoas querem chegar, ela pode parar.
Cuidados com saúde mental ganharam ainda mais relevância a partir da pandemia e são uma das 5 maiores tendências globais para os próximos 5 anos, de acordo com análise da Exame.
Quem não tem a sensação de estar perdendo algo importante, deixando de fazer algo, produzindo pouco?
A busca pelo termo “Produção de Conteúdo” teve um aumento relevante no volume de buscas no Google pouco depois do início da COVID-19.
A primeira página de resultados traz as seguintes manchetes:
“Produção de conteúdo: um guia para engajar e converter”
“Produção de conteúdo: Conheça todos os segredos dessa atividade”
“Como criar conteúdo digital em 8 etapas”
“O grande truque para engajar seus produtos no insta”
“Dicas simples para crescer seguidores rápido”
Spoiler: todas elas vão tirar sua sanidade
A gente vai escolher seguir 300 fórmulas secretas até morrermos de estafa?
Pouco antes da pandemia, Jout Jout fez como esta que vos escreve, pegou sua mochila e foi viajar pelo Brasil, uma experiência pela qual é impossível passar sem (re)pensar a vida no macro.
Dia desses me recomendaram o podcast “Para dar Nome às Coisas”, da Natália Sousa. Ouvi justamente o episódio “O silêncio que a gente não faz”, que tem tudo a ver com essa decisão da Jout Jout.
A Natália conta que, certa vez, surgiu uma oportunidade de emprego que parecia incrível, todos achavam incrível e, por isso, ela assumiu que era incrível. Mas com o tempo, percebeu que estava sendo guiada pelo que as pessoas achavam sobre aquela empresa, sobre status e sobre aquelas oportunidades.
Ela teve que se perguntar: quais vozes eu tô escutando? A quem eu tô querendo ser leal?
A gente vive escutando aquilo que a gente precisa melhorar. Vive escutando aquilo que a gente precisa se desenvolver.A gente vive escutando que a gente precisa encontrar onde a gente tá falhando, onde as coisas escaparam. Que a gente precisa revisitar as coisas para fazer melhor as coisas, fazer melhor do que a gente já fez. Mas você já parou para pensar no que há de certo com você? No que há de certo com sua vida? No que há de bom, no que há de suficiente no seu momento atual? Você já parou para pensar o que tem de bom, o que tem de certo com você?
A decisão da Jout Jout de encerrar o canal dividiu opiniões (como acontece com praticamente tudo). Desde a galera que vai sentir falta de uma figura sensata neste mundinho da internet…
até a galera que reclamou do tamanho do vídeo.
Muita gente se lembrou da quantidade de hate que ela recebeu e de quão tóxicas podem ser as redes sociais.
Tentamos tanto nos adaptar ao que as pessoas vão gostar que acabamos gravitando para longe do que é importante para nós.
Sinto que, lá do mato onde ela não precisa ler mais nem 01 tweet, a Jout Jout conseguiu ouvir sua própria voz e ser leal ao que passou a fazer mais sentido para ela. Independente daquilo que o mundo inteiro dita que é certo.
Não existe fórmula secreta. O que existe é movimento, no seu tempo, na velocidade que dá. O trem tá passando, mas você precisa mesmo entrar nele? Você quer mesmo entrar nele? Às vezes nem tá indo nem para o seu destino. Vem outro depois. A estação continua lá.
Essa primeira news é um lembrete para você (e para mim mesma) de tentar encontrar o lugar onde você se sente bem criando. Poderia apostar que ele é de dentro para fora, mas só quem pode dizer é você.
Será mesmo que quem não é visto não é lembrado?
👌🏻Mandaram bem
É muito bom o trabalho que a 99 está fazendo com criadores para produzir conteúdo para as suas redes sociais. Os vídeos são engraçados e trazem tópicos que a empresa quer reforçar com o público, como segurança e educação, sem você nem perceber que a mensagem é totalmente institucional.
💸 Publi de milhões
Essa do Matheus Costa para a Rexona:
Eu fiquei que nem o pessoal que gerencia as redes sociais da marca:
💎Achados
Podcast: Para dar nome às coisas, S04EP138 O silêncio que a gente não faz
Livro: Kindred - Laços de Sangue, da Octavia E. Butler
A autora é considerada um dos maiores nomes da ficção científica e inovou inserindo nesse universo raça, gênero e refletindo sobre sociedade e poder.
Nesse livro, a personagem principal, uma mulher negra, é subitamente transportada no tempo para um EUA escravista. Ela salva a vida de um menino e se vê em busca de entender como estão conectados. Após meses presa nessa realidade, quando é transportada de volta para casa, só se passaram alguns minutos. É marcante a reflexão da própria personagem sobre o quão fácil pode ser normalizar e justificar o injustificável.
Série: Manifest, na Netflix
A série gira em torno dos passageiros e tripulação de um avião comercial que ao pousar descobre que o que para eles pareceu algumas horas, na verdade foram cinco anos para o resto do mundo. Em terra firme, o avião foi dado como desaparecido e os passageiros como mortos.
Tem a ressalva do roteiro clichê, da fotografia ruim, dos efeitos mal feitos. Mas é um suspense irresistível. Faz sentido? Kkkk
Onde mais eu tô pela internet: blog . instagram . youtube . tik tok . linkedinho
Obrigada por ler até o final e desculpa o flood :)
Nossa amei! Tanto nao so para pensar.. mas para reconsiderar...